10.7.07

Pesquisadores cobram maior participação das empresas brasileiras

10/07/2007 18:34:48

Belém — Quem absorve o maior número de cientistas e pesquisadores no Brasil? Quem realiza mais pesquisas e desenvolve tecnologias inovadoras? O assunto foi discutido nesta terça-feira, 10, na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Centro de Convenções da Amazônia, em Belém.

A mesa-redonda sobre o tema Ciência para um Brasil Competitivo teve a participação de Alaor Chaves, do Instituto de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Fernando Galembeck, do Instituto de Química da Universidade de Campinas (Unicamp). O debate teve a mediação do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães.

Segundo Alaor Chaves, as empresas brasileiras devem empregar mais pesquisadores e engenheiros, a exemplo do que acontece na maioria dos países. Atualmente, no Brasil, 89% da pesquisa é feita nos cursos de pós-graduação. “As empresas empregam 11% e o restante é absorvido pelo governo. No restante do mundo, as empresas empregam dois terços desse pessoal, deixando um terço para o governo”, exemplifica.

Para Chaves, a inovação ainda não entrou em larga escala nas empresas brasileiras. “O envolvimento das empresas brasileiras com pesquisa e desenvolvimento é tão incipiente que o Estado tem que atuar diretamente no desenvolvimento da tecnologia”, diz. Cita como exemplo bem-sucedido dessa atuação a agropecuária. “A Embrapa ajudou a tornar nossa técnica agrícola altamente inovadora”, destaca. Ele propôs a criação de uma nova empresa, nos moldes da Embrapa — a Empresa Brasileira de Ciência e Tecnologia Industrial (Embracti) — que atuaria nas áreas de física, química e outras áreas tecnológicas, fazendo a ligação entre indústria e academia.

Já o pesquisador Fernando Galembeck defende outras medidas. Segundo ele, para que o país se torne mais competitivo, o importante seria intensificar a realização de projetos conjuntos de cooperação entre empresas e universidades, e fomentar projetos dentro de empresas. “Além disso, o governo poderia fazer encomendas a consórcios de empresas, que incluíssem também universidades”, diz.

Jorge Guimarães, coordenador do debate, finalizou destacando que há necessidade de formar recursos humanos em todas as áreas e, com certeza, as empresas precisam investir mais na pesquisa. Por isso a Capes, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, lançou o Plano Nacional de Pós-Doutorado que irá financiar a contratação de pesquisadores em empresas, centros de pesquisa públicos e privados. O edital deve sair em breve.

O debate foi motivado pelo documento Física para um Brasil Competitivo, elaborado por uma comissão de físicos a pedido da Capes. O documento contém propostas que visam à efetiva inclusão da ciência na sociedade e na economia brasileiras e recomenda investimentos na formação graduada e pós-graduada de maior número de cientistas e engenheiros.
Adriane Cunha e Fátima Schenini

22.6.07

Baixo salário esvazia institutos de pesquisa

Concorrendo com empresas, Inpe e CTA, responsáveis pelo programa espacial, não atraem pessoal formando no ITA há 12 anos

A carreira de ciência e tecnologia deixou de ser atrativa nos últimos anos, principalmente por causa dos baixos salários, comprometendo a renovação dos quadros de especialistas no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e CTA (Comando- Geral de Tecnologia Aeroespacial), executores do programa espacial brasileiro.

No entanto, o país tem conseguido manter o destaque no cenário internacional --alcançado com projetos como o motor a álcool e a urna eletrônica. A explicação tem um fundo ideológico.

"Parte dos cientistas abraça seus projetos como a um filho. Entre os físicos, muitos não têm ambições financeiras ou sociais, o sonho deles é ser professor-titular e orientar o seu grupo de alunos", disse o funcionário do Inpe e presidente do Sindicato dos Servidores da Área de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais.

"Vale a pena investir em ciência e tecnologia porque a sociedade tem retorno. Ao longo dos anos o pessoal tem correspondido mais por amor ao que fazemos do que pelos incentivos à carreira.", disse Pedro Antônio Cândido, técnico em mecânica da Divisão de Mecânica Espacial e Controle.

Atualmente, o programa de satélites, de monitoramento do desmatamento da Amazônia e previsão do tempo desenvolvidos no país são referências no cenário nacional e internacional.

Sucateamento

Funcionário do Inpe há 20 anos, Cândido disse que o "sucateamento" da carreira de C&T começou no governo Collor. "Comparada a outras carreiras na área pública com as mesmas exigências, os nossos salários estão muito abaixo", disse.

As melhores condições de trabalho e de remuneração oferecidas pela iniciativa privada, além de terem "esvaziado" as equipes nos últimos anos, também atraem a maior parte dos novos profissionais da área formados nas melhores universidades do país.

Segundo o sindicato, há 12 anos o Inpe e o CTA não recebem profissionais formados no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), criado com o objetivo de prover recursos humanos para o programa espacial.

"Os bancos absorvem em grande proporção os alunos formados no ITA", disse o presidente do sindicato e funcionário do Inpe, Fernando Morais. A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e outras grande indústrias no Brasil e no exterior também têm a preferência dos formandos do ITA.

Os concursos públicos abertos para o preenchimento de vagas no Inpe e no CTA atraem principalmente profissionais recém- formados em universidades de menos renome. "Muitos ingressam e ficam dois ou três anos apenas para ganhar experiência."

Para Pedro Cândido, o país poderia ter feito mais se a carreira não tivesse perdido a atratividade.

Déficit

O déficit de pessoal para repor as saídas para a iniciativa privada, instituições de ensino e por aposentadoria é estimado em 600 pessoas no CTA e 350 no Inpe, segundo o presidente do sindicato. Em 2008, entre 15% e 20% do efetivo do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) irá se aposentar por tempo de serviço, segundo ele.

O IAE é o responsável pelo programa brasileiro de foguetes e em 2003 perdeu parte de seu pessoal qualificado no acidente com o VLS (Veículo Lançador de Satélite), que provocou a morte de 21 engenheiros e técnicos.

"É comum pedirem licença não-remunerada para trabalhar na indústria por um salário três vezes maior durante três ou quatro anos. Essa situação é prejudicial porque eles voltam desmotivados com a perda de poder aquisitivo, mas preferem a estabilidade do serviço público", disse o especialista em política científica e tecnológica, Edmilson de Jesus Costa Filho.

Na iniciativa privada, um pesquisador no topo da carreira que recebe R$ 7.100 no Inpe ou no CTA pode ter vencimentos de até R$ 25 mil na iniciativa privada.
(Vale Paraibano, 21/6)

Pesquisador ganha menos que policial



Na iniciativa privada, um pesquisador do Inpe ou do CTA com mais de 25 anos de experiência e doutorado sênior pode receber salário de até R$ 25 mil

Um pesquisador do Inpe ou do CTA no topo da carreira recebe salário de R$ 7.100 -- menos que o salário pago a profissionais de nível médio em outras carreiras do próprio serviço público. O salário de um policial rodoviário federal, função de nível intermediário, é R$ 8.800.

"Nas carreiras de gestão, de nível superior, na Polícia Federal ou no Banco Central, por exemplo, os salários iniciais variam de R$ 12 mil a R$ 19 mil", disse o presidente do Sindicato dos Servidores da Área de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais.

Na iniciativa privada, um pesquisador do Inpe ou do CTA com mais de 25 anos de experiência e doutorado sênior pode receber salário de até R$ 25 mil. Um engenheiro recém-formado no ITA recebe salário inicial entre e R$ 4.000 e R$ 6.000 na iniciativa privada.

No Inpe e no CTA, os salários iniciais são de R$ 800 no nível auxiliar, R$ 1.418 no nível intermediário e R$ 2.578 no nível superior.

Campanha

Na próxima semana, o presidente do Sindicato se reúne com representantes do Ministério do Planejamento a partir das 14h, para discutir a nova tabela salarial da categoria.

Será a primeira reunião para o início das negociações. A proposta do sindicato elevaria para os pisos para R$ 1.511 (auxiliar), R$ 2.782 (intermediário) e R$ 4.218 (superior). O teto no nível superior alcançaria R$ 12.444.
(Vale Paraibano, 21/6)

21.6.07

MEC cria Lei Rouanet da pesquisa


19.6.07

Universalização dos incentivos fiscais para inovação tecnológica

VI Encontro Nacional de Inovação Tecnológica (Enitec): Universalização dos incentivos fiscais para inovação tecnológica


Especialistas defenderam que benefícios devem ser acessíveis às micro e pequenas empresas

Durante o VI Enitec, promovido pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec) e realizado semana passada na Firjan, no Rio, foram discutidas as principais questões da política e da prática de inovação tecnológica no país.

Depois de dois dias de evento, que reuniu mais de 150 pessoas, representando principalmente entidades industriais e empresas, uma das conclusões foi de que, embora já tenha se avançado, ainda é preciso melhorar o marco legal do setor. Uma das principais sugestões foi a universalização dos benefícios, alcançando também as empresas médias e pequenas.

O Encontro, realizado nos dias 13 e 14, foi marcado pelo lançamento da Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets), que se iniciou congregando 14 ETS de diferentes setores industriais, tais como metalurgia, máquinas, eletro-eletrônica, química, fármacos, medicamentos, cosméticos, celulose e papel, entre outros.

Continua aqui.

16.5.07

O PAC da Ciência e Tecnologia, artigo de Luiz Eugênio Mello

Leia o artigo de Luiz Eugênio Mello neste link.

Alguns destaques abaixo:

O Estado de SP produz 50% da Ciência do país. Esse mesmo Estado tem o maior número de unidades geradoras de patentes e a universidade com mais patentes no país. Qual o ambiente gerador desse sucesso? Em uma palavra: Fapesp

Cerca de 30% dos recursos anualmente despendidos pela Fapesp vêm dos rendimentos de aplicações próprias. Mesmo que o governo estadual quisesse, não lhe seria possível contingenciar esses recursos. São próprios.

Espero que o PAC da Ciência e Tecnologia, a ser lançado proximamente, inclua a instauração desse patrimônio independente, a exemplo do que, há 40 anos atrás, foi feito para a Fapesp pelo então governador Carvalho Pinto.

Não precisamos nos mirar nos tigres asiáticos quando temos soluções à mão aqui mesmo no Brasil.



Lula anuncia um volume de recursos nunca visto no setor de C&T

Segundo a matéria do Jornal da Ciência, que você pode ler neste link, o presidente "Lula anunciou que, em breve, lançará um plano de desenvolvimento científico e tecnológico. Ele disse que o governo vai aplicar um volume de recursos nunca antes destinado ao setor."

Tomara que seja verdade e que saia do papel. O PDE está saindo do papel...

Lula ficou impressionado com a pesquisa da química Milena Rodrigues Boniolo, de 25 anos, primeiro lugar na categoria graduado. Ela descobriu que a casca de banana é capaz de retirar metais pesados da água.


Que bom que ele gostou. Destaco abaixo trechos da matéria que falam da homenagem feita ao professor Fernando Galembeck, já citado neste blog:

Na cerimônia, foi homenageado, também, o pesquisador Fernando Galembeck com
o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia.
(...)
Galembeck, professor titular da Unicamp e bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq, tem uma atuação de destaque nas aplicações da físico-química à tecnologia industrial.

Uma de suas pesquisas mais importantes resultou na criação de um novo pigmento branco para tintas, que, além de gerar uma nova atividade industrial no Brasil e no exterior, caracteriza-se pelo baixo impacto ambiental.

Durante o discurso de agradecimento, Galembeck ressaltou a principal característica de suas pesquisas, a possibilidade de aplicação industrial, gerando emprego e renda. “O saber só vale se o transformamos em benefícios”, apontou.