Concorrendo com empresas, Inpe e CTA, responsáveis pelo programa espacial, não atraem pessoal formando no ITA há 12 anos A carreira de ciência e tecnologia deixou de ser atrativa nos últimos anos, principalmente por causa dos baixos salários, comprometendo a renovação dos quadros de especialistas no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e CTA (Comando- Geral de Tecnologia Aeroespacial), executores do programa espacial brasileiro. No entanto, o país tem conseguido manter o destaque no cenário internacional --alcançado com projetos como o motor a álcool e a urna eletrônica. A explicação tem um fundo ideológico. "Parte dos cientistas abraça seus projetos como a um filho. Entre os físicos, muitos não têm ambições financeiras ou sociais, o sonho deles é ser professor-titular e orientar o seu grupo de alunos", disse o funcionário do Inpe e presidente do Sindicato dos Servidores da Área de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais. "Vale a pena investir em ciência e tecnologia porque a sociedade tem retorno. Ao longo dos anos o pessoal tem correspondido mais por amor ao que fazemos do que pelos incentivos à carreira.", disse Pedro Antônio Cândido, técnico em mecânica da Divisão de Mecânica Espacial e Controle. Atualmente, o programa de satélites, de monitoramento do desmatamento da Amazônia e previsão do tempo desenvolvidos no país são referências no cenário nacional e internacional. Sucateamento Funcionário do Inpe há 20 anos, Cândido disse que o "sucateamento" da carreira de C&T começou no governo Collor. "Comparada a outras carreiras na área pública com as mesmas exigências, os nossos salários estão muito abaixo", disse. As melhores condições de trabalho e de remuneração oferecidas pela iniciativa privada, além de terem "esvaziado" as equipes nos últimos anos, também atraem a maior parte dos novos profissionais da área formados nas melhores universidades do país. Segundo o sindicato, há 12 anos o Inpe e o CTA não recebem profissionais formados no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), criado com o objetivo de prover recursos humanos para o programa espacial. "Os bancos absorvem em grande proporção os alunos formados no ITA", disse o presidente do sindicato e funcionário do Inpe, Fernando Morais. A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e outras grande indústrias no Brasil e no exterior também têm a preferência dos formandos do ITA. Os concursos públicos abertos para o preenchimento de vagas no Inpe e no CTA atraem principalmente profissionais recém- formados em universidades de menos renome. "Muitos ingressam e ficam dois ou três anos apenas para ganhar experiência." Para Pedro Cândido, o país poderia ter feito mais se a carreira não tivesse perdido a atratividade. Déficit O déficit de pessoal para repor as saídas para a iniciativa privada, instituições de ensino e por aposentadoria é estimado em 600 pessoas no CTA e 350 no Inpe, segundo o presidente do sindicato. Em 2008, entre 15% e 20% do efetivo do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) irá se aposentar por tempo de serviço, segundo ele. O IAE é o responsável pelo programa brasileiro de foguetes e em 2003 perdeu parte de seu pessoal qualificado no acidente com o VLS (Veículo Lançador de Satélite), que provocou a morte de 21 engenheiros e técnicos. "É comum pedirem licença não-remunerada para trabalhar na indústria por um salário três vezes maior durante três ou quatro anos. Essa situação é prejudicial porque eles voltam desmotivados com a perda de poder aquisitivo, mas preferem a estabilidade do serviço público", disse o especialista em política científica e tecnológica, Edmilson de Jesus Costa Filho. Na iniciativa privada, um pesquisador no topo da carreira que recebe R$ 7.100 no Inpe ou no CTA pode ter vencimentos de até R$ 25 mil na iniciativa privada. (Vale Paraibano, 21/6) | |
22.6.07
Baixo salário esvazia institutos de pesquisa
Pesquisador ganha menos que policial
Na iniciativa privada, um pesquisador do Inpe ou do CTA com mais de 25 anos de experiência e doutorado sênior pode receber salário de até R$ 25 mil Um pesquisador do Inpe ou do CTA no topo da carreira recebe salário de R$ 7.100 -- menos que o salário pago a profissionais de nível médio em outras carreiras do próprio serviço público. O salário de um policial rodoviário federal, função de nível intermediário, é R$ 8.800. "Nas carreiras de gestão, de nível superior, na Polícia Federal ou no Banco Central, por exemplo, os salários iniciais variam de R$ 12 mil a R$ 19 mil", disse o presidente do Sindicato dos Servidores da Área de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais. Na iniciativa privada, um pesquisador do Inpe ou do CTA com mais de 25 anos de experiência e doutorado sênior pode receber salário de até R$ 25 mil. Um engenheiro recém-formado no ITA recebe salário inicial entre e R$ 4.000 e R$ 6.000 na iniciativa privada. No Inpe e no CTA, os salários iniciais são de R$ 800 no nível auxiliar, R$ 1.418 no nível intermediário e R$ 2.578 no nível superior. Campanha Na próxima semana, o presidente do Sindicato se reúne com representantes do Ministério do Planejamento a partir das 14h, para discutir a nova tabela salarial da categoria. Será a primeira reunião para o início das negociações. A proposta do sindicato elevaria para os pisos para R$ 1.511 (auxiliar), R$ 2.782 (intermediário) e R$ 4.218 (superior). O teto no nível superior alcançaria R$ 12.444. (Vale Paraibano, 21/6) |
21.6.07
MEC cria Lei Rouanet da pesquisa
JC e-mail 3288, de 20 de Junho de 2007. | ||||||||
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19.6.07
Universalização dos incentivos fiscais para inovação tecnológica
VI Encontro Nacional de Inovação Tecnológica (Enitec): Universalização dos incentivos fiscais para inovação tecnológica | |
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Especialistas defenderam que benefícios devem ser acessíveis às micro e pequenas empresas Durante o VI Enitec, promovido pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec) e realizado semana passada na Firjan, no Rio, foram discutidas as principais questões da política e da prática de inovação tecnológica no país. Depois de dois dias de evento, que reuniu mais de 150 pessoas, representando principalmente entidades industriais e empresas, uma das conclusões foi de que, embora já tenha se avançado, ainda é preciso melhorar o marco legal do setor. Uma das principais sugestões foi a universalização dos benefícios, alcançando também as empresas médias e pequenas. O Encontro, realizado nos dias 13 e 14, foi marcado pelo lançamento da Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets), que se iniciou congregando 14 ETS de diferentes setores industriais, tais como metalurgia, máquinas, eletro-eletrônica, química, fármacos, medicamentos, cosméticos, celulose e papel, entre outros. Continua aqui. |
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